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José Antônio Borges

José Antonio dos Santos Borges, nasceu a 11 de janeiro de 1956, na cidade do Rio de Janeiro - RJ - Brasil. Professor de computação gráfica, em 1992, recebe em sala de aula um aluno cego, Marcelo Pimentel que cursava informática na Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ. Desse encontro surge o embrião do DOSVOX e nasce o Projeto DOSVOX. (saiba mais em: http://intervox.nce.ufrj.br/dosvox/)

Em 1994 conheci o prof. José Antonio dos Santos Borges, quando participei da segunda turma de pessoas interessadas em conhecer o revolucionante programa de computador que falava, o DOSVOX. No início da semana, o software lia letra por letra e, ao final da semana já estava lendo frases. É dificil descrever a emoção que todos sentimos ao descobrir que uma nova ferramenta aparecia para dar mais independência às pessoas cegas e de baixa visão. Foi maravilhoso perceber que poderíamos escrever, ler, apagar, incerir, corrigir nossos textos, de maneira fácil, simples e que nos permitia a interação imediata com nossos trabalhos.

A partir desse momento, ganhei independência pessoal e principalmente profissional. Não dependia mais de uma secretária para ler e preencher os prontuários de nossos pacientes. Eu trabalhava na reabilitação de pessoas com deficiência visual, no Instituto Municipal de Medicina Física e Reabilitação Motora  Oscar Clark.

Nessa ocasião, eu estava Vice-Presidente da Associação Brasileira de Educadores de Deficientes Visuais - ABEDEV. Junto com o Prof. Antonio Borges, traçamos parceria entre a ABEDEV e o NCE/UFRJ e começamos a espalhar essa nova ferramenta, através de cursos em diversos estados do país. Assim, começou a grande revolução que passo a passo, modificou radicalmente a vida das pessoas com deficiência visual do nosso Brasil.

Antonio é bom, naturalmente bom, uma pessoa especial, iluminada e sencível, além de inteligente e muito competente.

Conforme ía conhecendo as necessidades individuais de cada um de nós, debruçava-se nos teclados de nossos computadores e, rapidamente nascia mais um aplicativo, que hoje somam 64, que compõem o Sistema DOSVOX.

É importante destacar que as instituições de educação e reabilitação de pessoas com deficiência visual, também foram beneficiadas com o DOSVOX. Alguns  dos aplicativos do software, permitem aos profissionais de visão normal, a reprodução em braille e em letra ampliada  de livros, textos, material em geral, para os estudantes cegos e/ou de baixa visão.

Assim como ele resolvia a demanda das pessoas cegas, um dia, ele foi procurado por uma médica com tetraplegia, que precisava encontrar uma solução para poder escrever os laudos das radiografias  de seus pacientes. Nesse momento, nasce o MOTRIX - software acessível para pessoas com comprometimento motor severo dos membros superiores, com possibilidade de falar com razoável precisão. http://intervox.nce.ufrj.br/motrix/

Dessa mesma forma, Antonio fragilizado com a brutal e radical mudança de vida de uma jovem, vítima de bala perdida, cria o fantástico e maravilhoso MICROFENIX. Software que permitiu a estudante voltar a interagir e comunicar-se com o mundo.

MICROFENIX - software acessível indicado para pessoas com graves comprometimentos motores, e além disso, ainda impossibilitados de falar. Comandado por um acionador (interruptor ou sensor), ou por ruído num microfone (sopro, murmúrio, pancadinha no microfone, etc). http://intervox.nce.ufrj.br/microfenix/definicao.htm

Abaixo segue um email que Antonio enviou para os usuários do DOSVOX, durante a preparação do Sétimo Encontro Brasileiro de Usuários de DOSVOX, que pela primeira vez aconteceria fora do Rio de Janeiro. Esse email é para mostrar a simplicidade, envolvimento e empolgação desse "ser", e também para confirmar os qualificativos usados nessa pequena homenagem que presto ao meu querido amigo.

Pelo exposto acima e por muito mais que não dá para expressar em palavras, nós, pessoas com deficiência, não nos casamos de agradecer e aplaudir ao grande MESTRE, Prof. José Antonio dos Santos Borges,coordenador dos projetos e analista de sistemas do NCE/UFRJ.

Ethel Rosenfeld

Rio de Janeiro, 15 de maio de 2010

-----Mensagem original----- De: Jose Antonio Borges <@intervox.nce.ufrj.br> Para: dosvox-l@listas.ufrj.br Data: Sexta, 25 de Novembro de 2005 19:46 Assunto: Encontro DOSVOX - cegos assumem novas e importantes lideranças

 

Queridos Amigos,

Dou a mão à palmatória pela não liberação até o momento do programa definitivo do encontro DOSVOX. Estarei liberando este programa amanhã sem falta. Mas antes de fazer isso, gostaria de passar para vocês o que penso deste evento que é importantíssimo.

Este ano, a decisão de fazer um encontro fora do Rio foi muito difícil para mim.  Mas o projeto DOSVOX é regido por ideais, e a coragem pela defesa destes ideais tem que ser maior do que a inércia que nos quer consumir a todos.

Um dos ideais maiores do projeto é que é preciso acreditar que as pessoas cegas podem viver fora das grandes tutelas, dos grandes institutos, das benesses do governo.

Que é possível viver amando as instituições como o IBC, fonte de nossa inspiração e mola de impulsão inequívoca e perene. Mas que é possível e preciso ir também além dele. 

Era muito confortável para nós organizarmos o evento no IBC, a Ethel com toda sua experiência com domínio pleno e perfeito de todos os detalhes, pessoas e  processos, a imensa estrutura acolhendo e jorrando facilidades sobre o evento.

Mas seria isso o melhor caminho?  Os deficientes visuais estariam crescendo de verdade?  Não acabaria o encontro DOSVOX transmutando-se ao longo dos anos, mudando de ser um elemento transformador para tornar-se um simples encontro agradável de amigos para conversar, beber e transar?  Não estaria tudo na verdade nos ombros de Ethel, Antonio, CAEC e outra meia dúzia de pessoas?  Não seria o comodismo o caminho que conduziria à estagnação?

Não!  Nós queremos que o DOSVOX, e junto com ele seus ideais e ousadia cresçam para além do Rio de Janeiro.  Nós queremos que lideranças apareçam, que mais cegos aprendam a comandar, organizar, liderar (mesmo sabendo que o erro, a falha involuntária, a inexperiência são coisas que podem ser extremamente dolorosas).

Nós queremos deficientes visuais, seus mestres, seus amigos, todos se levantando das cadeiras do evento e gritando com coragem seus descontentamentos, suas angústias. Nós queremos todos, pessoas cegas ou não, trazendo mensagens de esperança.  Cegos brilhantes e cegos àvidos à busca de conhecimento. 
Cegos contando como sua vida está melhor, e cegos tristes por perder espaço.

Todos unidos em torno do projeto DOSVOX, não pelos programas que ele tem, não pelas pessoas que ele abriga,  mas pelo ideal maior de transformar a sociedade brasileira. Jovens bebendo da sabedoria dos velhos, e velhos renovando-se a partir da observação de como são brilhantes e audazes os jovens deficientes visuais, quanto têm a ensinar, quanto têm a aprender.

Pois, sim, a tecnologia é uma mola transformadora. A tecnologia é o que trouxe aos cegos brasileiros novas perspectivas e o DOSVOX foi a raiz.

Vamos regar esta raiz.  Vamos participar do projeto DOSVOX. Mas não como espectadores.
Vamos participar das mesas do evento, vamos assistir ao evento.

Eu estarei liberando a programação amanhã. E quero fugir do lugar comum, dos cegos brilhantes se apresentando, dos cegos ricos, dos cegos para os quais a tecnologia já é realidade. Das lindas palestras pré-programadas.

Eu quero que você conte o que viveu.  Eu quero que você conte o que ouviu, o que teme, o que sente.

Os temas das mesas são aqueles que você já conhece (e que listo num próximo email para quem por acaso não leu).

Será assim o evento. Toda mesa terá fixo um moderador e um provocador. Mas todo resto todo entorno seremos nós, os usuários, os criadores, os contendores, os discordantes. Nós temos o dever de lançar nossa energia e fazer o evento ferver.

Eu quero que cada pessoa que vai ao evento mande para mim (ou mesmo por uma cópia para a lista, caso deseje) dizendo quais os temas em que vai participar ativamente, pegando o microfone e falando, contando, discordando.  Todos temos a obrigação de falar pelo menos 5 minutos, mas quando temos coisas para contar, temos que falar mais, abrir o coração, rir, chorar, fazer rir e fazer chorar, expandir sua preocupação e seu desejo.

Todos ao encontro DOSVOX!

Força Douglas e G7DV, nós acreditamos em vocês!

Nós faremos de nossa participação uma homenagem a todos os que batalham em prol do desenvolvimento dos cegos brasileiros.

Um abraço,

Antonio Borges

 
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