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Em dezembro de 2006 entendi, verdadeiramente, o significado da palavra preconceito, quando adotei minha primeira gatinha.
Gem, meu primeiro Cão Guia, já estava com onze anos e saúde delicada. Preocupada em perder o Gem e ficar sozinha, comecei a pensar num cachorro de pequeno porte para me acompanhar quando chegasse a triste ora da perda. Conversando com amigos, me sugeriram adotar um gato porque, Gem e eu ainda trabalhávamos e viajávamos e, os gatos são mais independentes do que os cachorros, podendo ficar sozinhos por uns 3/4 dias. Assim, aceitei Joy em caráter experimental (porque eu não gostava de gatos). Não sei porque não gostava e até tinha repulsa e medo quando passava por um. Quando Joy chegou, numa gaiola, abri-a lentamente e coloquei a mão em cima dela e, percebi que a textura dela era completamente diferente a de um cão, seu corpo muito macio e pelo bem suave.
Para conhecer e entender o dia-a-dia de um gato, levei para meu quarto seu banheiro (uma caixa cheia de areia especial), sua comida e sua água. Em frente a minha cama havia uma pequena estante onde ficavam o som e a televisão. Coloquei o banheiro de um lado da estante e do outro, uma escada com três degraus. Num degrau ficou a ração e no outro a bacia com a água. Assim, pude observar o movimento dela quando usava o banheiro, comia a ração e bebia água. Achei interessantíssimo como ela cavava a areia para enterrar as fezes. Aliás os gatos são muito limpos. Na segunda semana que Joy estava conosco, levei-a ao veterinário do Gem para a primeira consulta e vacinação. Imaginem só, eu cega, com a guia do Gem na mão esquerda e uma gaiola com a gatinha na mão direita. Aproveitei para comprar pra Joy uma coleirinha rosa, com lacinho de strace. Joy tem olhos amarelos, pelo malhado de preto e branco com predominância do preto, imaginei que o rosa ficaria lindo sobre o preto. Quando chegamos em casa que a tirei da gaiola, ela sumiu!!! Eu não sabia que os gatinhos se escondem quando sentem dores e têm medo... Quando a encontrei, tentei agradá-la colocando-a numa caminha bem confortável que havia comprado pra ela. Mas gato não é uma boneca, que onde colocamos, fica. Assim, ela sumiu de novo. Cheguei ao estremo de pensar que o Gem a havia comido! Apalpei a barriga dele e chorando, pedi a ele que me ajudasse a encontrar a Joy. Lá pela madrugada, eu já estava super preocupada com o desaparecimento dela e, como não conseguia dormir, fui à cozinha para tomar um calmante, quando escutei o movimento dela na areia do banheiro, que já estava na área de serviço. Nesse momento senti um tremendo alívio, uma alegria e descobri que essa relação já era de amor. No dia seguinte telefonei para a pet que a havia deixado aqui em casa em caráter experimental e, informei que queria adotá-la. Assim Joy assumiu seu papel de irmã do Gem com todos os direitos garantidos. Gem aceitava os insistentes carinhos de Joy e foram bons amigos, até dormiam juntos.
A cada dia, fui gostando mais e mais dela até que me perguntei? Por que eu tinha preconceito aos gatos? A resposta foi óbvia: porque nunca tinha convivido com um. A partir desse momento, entendi com clareza o que sempre eu falava sobre preconceito.
PRECONCEITO:
A falta de esclarecimento e conhecimento levam ao preconceito. Antes de julgar, procure conhecer as potencialidades e as limitações de uma pessoa com deficiência. Nesse caso, antes de julgar, procure conhecer as características e as particularidades de um animal.
Um mês depois, Regina, dona da petshop, começou a me seduzir para adotar outra gatinha para fazer companhia pra Joy, quando Gem e eu saíamos ou viajávamos. Assim, em fevereiro de 2007, surgiu Jully, toda branquinha, com olhos amarelos, focinho e orelhas rosa. Jully e Joy se adotaram como mãe e filha, passaram a dormir abraçadas, uma protegendo a outra. Eu não tinha idéia de como era gostoso ter gatos em casa. Em novembro do mesmo ano, quando eu voltava pra casa, num táxi, parei na pet para pegar Gem que estava tomando banho. Eu estava muito chateada com um fato que acabara de acontecer e quando entrei na pet, me informaram para andar com cuidado porque havia uma ninhada de gatinhos, recém chegada no chão. Prato cheio pra quem estava "down"! Sentei e Regina, começou a me mostrar os gatinhos um a um. Eram tão lindos e pequenos que cabiam na palma da minha mão. Não resisti e adotei a terceira gatinha que ganhou o nome de Jujuba, por ser colorida (bege, marrom e preta) com olhos amarelo esverdeado. Eu me lembrei das balinhas Jujuba e achei que esse nome ficava adequado a ela. Nas três primeiras noites, Jujuba dormiu comigo, para eu protegê-la das mais velhas, eu temia que pudessem machucá-la. Na quarta noite, Gem e eu já estávamos, a trabalho, em Florianópolis e, eu não conseguia dormir sem minha Jujuba, além de sentir falta dela estava preocupada com que poderia estar acontecendo em casa.
Quando Jujuba chegou em casa, Jully, mal agradecida, esqueceu que Joy a acolheu quando ela chegou e, ela trocou Joy pela Jujuba. Nesse momento, Jully adotou Jujuba e elas passaram a dormir bem abraçadas, com as patas entrelaçadas, uma esquentando a outra, e é assim até hoje. Joy nem ligou, mostrou ter um temperamento diferente das irmãs e, optou por ficar sozinha, aliás, não optou, não lhe restou alternativa.
Em relação aos miados: Joy mia alto e parece falar, chego a ouvir ela dizendo: "mamãe, ma". Não estou maluca, é fato, outras pessoas já a ouviram miar mamãe. Jully, por incrível que pareça, mia super baixinho, quase rouco, e só mia quando eu passo por ela, tipo dizendo: "estou aqui". É difícil de acreditar mas, chego a pensar que ela sabe que não enxergo. Jujuba, não mia espontaneamente, só quando aperto a barriga dela e dá um gemidinho super fofo. Quando ela era menor, porque hoje ela é enorme, a maior e mais gorda das três, eu tinha a mania de mostrar pra todos que vinham aqui em casa, o gemidinho charmoso da fofa. Ela já sabia quando eu a pegava e apertava sua barriga, às vezes, ela se negava a gemer, tipo as crianças que ficam de saco cheio quando as mães resolvem exibi-las.
Gem morreu com aproximadamente 13 anos, em dezembro de 2008, deixando um vazio, uma saudade doce com tom amargo. Joy, Jully, Jujuba e Gem conviviam em harmonia, na maior paz. Mais uma prova de quebra de preconceito. Os animais se amam, se defendem e convivem muito bem com espécies diferentes.
Em maio de 2009, chegou Cizar, meu novo cão guia.
No dia em que chegamos em casa, Cizar e eu, da Guide Dog Foundation for the Blind, ao entrarmos em casa, Cizar e as gatinhas se arrepiaram e se estranharam. Com ajuda da Marilda, nossa secretária, continuamos a entrar, bem devagar, eu controlando o Cizar e a Marilda controlava as gatinhas. Fiquei louca para pegar minhas gatinhas, estava morrendo de saudade delas, foram 25 dias que ficamos separadas mas, tive que conter meu desejo em prol de promover um feliz encontro entre elas e Cizar. Ao longo do dia, eles foram se entrosando e hoje, abril de 2012, os quatro são super amigos. Joy, com seu jeito ousado e charmoso, conseguiu conquistar o Cizar e a cena se repetiu, Ela e Cizar se acariciam, brincam, dormem juntos e às vezes, também se estranham. Por fim, ela encontrou em Cizar o que tanto buscou em Gem. Jully e Jujuba também se relacionam com Cizar mas, não com a Joy. É muito comum as gatinhas dormirem agarradinhas ao corpo do Cizar.
Sempre ouvi dizer que os gatos não se apegam ao dono, e sim, a casa. Outro preconceito. Minhas gatinhas são super apegadas a mim e ao Cizar, a Branquinha, como chamo a Jully, não desgruda de mim, chega ao absurdo de se deitar em cima do meu peito e dormir. Muitas vezes, tanto ela quanto a Jujuba, se aproximam super devagar e encostam o focinho no meu rosto ou na ponta do meu nariz, parecendo um beijinho, é verdade, podem acreditar!!! As três me seguem e me pedem colo, como se fossem cachorros.
Quando vou dormir, todos me acompanham para o quarto, é muito engraçado ouvir os guizos se movimentando. Esqueci de dizer, que cada gatinha tem uma coleirinha com textura diferente, para eu as identificar rapidamente e também usam um guizo para eu saber por onde elas andam. Chegando ao quarto, me deito e elas começam a se acomodar ao longo do meu corpo, bem agarradinhas a mim, por cima da coberta. Fico engessada, com pena de me mexer para não acordá-las. O pior é quando Cizar se sente com o mesmo direito delas e sem dó nem piedade, pula na cama sem ver quem ficou por baixo dele. Apesar de gostar de senti-los ao meu lado, gostar de acariciá-los (tocar neles me tranquiliza, me trás paz) apesar de tudo de bom, acabo dando um jeitinho para ficar sozinha e poder me mexer. Essa liberdade dura pouco, quando acordo durante a noite e pela manhã, sempre tem alguém grudado comigo.
"Preconceito é o juízo antecipado sem fundamento
razoável; opinião formada sem reflexão". (Dicionário da língua
Portuguesa - Souza, S.E.)
Abril de 2012
SEGUE ABAIXO A GALERIA DE FOTOS DAS GATINHAS
Leia o texto Curiosidades sobre os
gatos: Clique aqui.
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