Ethel Meus trabalhos Consultoria
Pessoa com Deficiência Homenagens Legislação
Cão Guia Cizar As Gatinhas
Outros Autores Personalidades Tecnologia Assistiva
Links Contato Mapa do Site
Home

Tamanho da fonte:  Aumentar Diminuir

 
 

 
Atendimento precoce à criança com deficiência visual

(Trabalho no IV Congresso Brasileiro de Educação de Deficientes Visuais - Curitiba 27 A 31 DE Julho de 1975)
Roteiro de atividades elaborado por Ethel Rosenfeld, Marlene Molisoni dell'Amicoe Nilza Ferreira Pinheiro Colaboração:Ligia Struschirer Costa Granja - Especialistas em Educação de Deficientes da Visão - Ensino Especial - Secretaria de Educação do Município do Rio de Janeiro

Síntese do conteúdo abordado:

Anteriormente à criação do CAP, sentia-se que as crianças cegas e de visão subnormal, apresentavam falhas de comportamento quanto ao entrosamento nas turmas das primeiras séries do 1º Grau, já que um adestramento anterior não lhes era dispensado. Foi quando em 1968, foram matriculadas duas crianças cegas no Jardim da Infância Bárbara Ottoni, atendidas pela professora da turma e assistidas, sistematicamente pela professora especialista em Educação de Crianças Deficientes da Visão. Estas, hoje, sobressaem-se nas instituições em que estudam pelo comportamento e desenvoltura com que desenvolvem as suas tarefas, bom relacionamento professor - aluno - colegas, enfim, uma harmoniosa integração. Daí surgiu-nos o pensamento da necessidade de um atendimento anterior ao Jardim de Infância, para equilibrar o comportamento biopsicosocial e sensório-motor.
Assim surgiu o CAP E há dois anos, este atendimento, realizado por uma professora especialista, no momento, Nilza Ferreira Pinheiro, dando assistência a crianças com até quatro anos de idade, preparando-as para o ingresso no Jardim de Infância e, em caráter especial, crianças com mais idade cujo comportamento biopsicosocial e sensório-motor não sejam satisfatórios.

Quando estas áreas estão bem estruturadas, a criança cega e de visão subnormal e o professor de classe comum, passam a receber orientação do professor especialista em visitas à classe.
O CAP funciona no Sodalício da Sacra Família - Situado na Rua Alzira Brandão, n.º 281 - Tijuca - Rio de Janeiro, atualmente com quatro crianças cegas nas diferentes idades: uma de dois anos e meio, duas de cinco anos e uma de sete anos de idade (esta, por ter dupla deficiência - cegueira e retardo mental - ainda não está preparada para o ingresso no 1º Grau).

A limitação visual destas e de quaisquer outras crianças, dever ser encarada como apenas um de seus "atributos" e não como uma "característica" mais importante. rofessores e familiares deverão:
- Diferenciar os efeitos de suas limitações de visão dos efeitos que têm origem em outras causas: emoções - inteligência - falta de vivência.
- Evitar superproteção para que a criança não se habitue a explorar sua limitação para receber um tratamento privilegiado.

O respeito e a aceitação das diferenças individuais se faz existir em qualquer ser humano.

Um voto de louvor às professoras Maria Ismínia da Cunha - primeira professora de Jardim de Infância de crianças cegas - 1968; Lydia Monteiro e Marília Nery – Especialistas de Educação de Deficientes da Visão - itinerantes que acompanharam o trabalho pioneiro de atendimento a cegos em Jardim de Infância - 1968 e Iracema Maria de Melo Macedo - Especialista da Educação de Deficientes Visuais - pioneira do atendimento no CAP - 1973.

* figura fundo: perceber uma pedrinha no sapato - encontrar um objeto entre vários, etc.;
* memória: mostrar até quatro objetos - deixar que os apalpe nomeando-os - escondê-los - pedir
que a criança os nomeie, sem exigência da ordem;
* estimulação do tateamento direto e indireto;
* estimular permanentemente a apalpação, porque à medida que nascem as restrições do mundo

social e cresce na criança o sentimento de inferioridade, ela vai evitando de usar as mãos - a
motivação é importante porque "o cego não pode deixar de ver";
* orientação e mobilidade: reconhecer a natureza do chão e sentir objetos imóveis (degraus,
portas, grades, colunas, muros) que servem de pista para orientação - conhecer posições e
estabelecer relações entre os móveis do ambiente;
. auditivo:
* reconhecimento de sons não vocais e vocais já bem familiares;
* reproduzir sons não vocais - apresentar três instrumentos (tambor - chocalho - côco) para que
ela reproduza o som;
* perceber determinado som entre vários (figura fundo): telefone, campainha, carro, etc.;
* determinar a origem de um som, direção, distância;
* discriminação de diferentes sons no tráfego;
* encontrar objetos caídos ou jogados no chão, sem tatear, pelo ruído provocado;
* perceber diferenças de intensidade e timbre (agudo ou grave) - usar sinetas de materiais
diferentes - usar o piano;
* através de estímulos sonoros provocar a locomoção da criança;
* discriminar sons necessários a orientação (pista dominante) - exemplo: saber se há um ou dois
carros passando;
* usar rimas e aliterações ("a pia pinga", "o pinto pia");
. olfativa e gustativa:
* experimentar novos odores e sabores: flores, sabonetes, mato, gasolina, vela, fósforo aceso,
cigarro, cachimbo, charuto, chocolate, cravo, canela, laranja, tangerina, etc.;
* descobrir uma determinada fruta na salada, o queijo no macarrão, o açúcar na limonada, etc.;

* usar o olfato como pista na orientação: tinturaria, padaria, açougue, aviário, restaurante,
farmácia, lixeira, etc.;
. desenvolvimento da habilidade cinestésica:
* perceber movimentos, posições, proporções, distância, forma e peso, através de tensões e
pressões nos perceptores cinestésicos (músculos, tendões e juntas) para frente - para trás - voltar
- dar meia volta - perto - longe - subir e descer rampas e escadas - usar o "escorrega" - registrar
caminhos bem familiares pelo hábito, saber a distância entre as paredes da casa, da sala de aula,
saber se chegou ao fim de uma escada (memória muscular - Piave Village);
. treinamento do equilíbrio:
* andar em cima de tábuas;
* trepar em um banco;
* ficar em pé num pé só;
* pular num pé só;
* abaixar o tronco para a frente e para os lados, sem flexionar os joelhos;
- linguagem:
. contar estórias reais - apreciar e memorizar versos – participar de dramatizações livres;
. ampliar o seu vocabulário, corrigir prolação (repetir corretamente as palavras);
. deixa-la definir corretamente palavras através de perguntas: "O que é uma bola?";
. desenvolver a habilidade de seguir ordens de execução imediata ou posterior, incluindo duas ações;
. estabelecer relações simples - exemplo: prato lembra: - colher, comida (classificação de idéias) –
disco, biscoito (relação de formas);
. classificação de objetos quanto a espécie: roupas - brinquedos - alimentos;
. completar os sentidos das frases: "Maria vinha correndo e...";

. ter noção de conjuntos e do vocabulário relativo: formar conjuntos de muitos ou poucos
elementos, dentro de caixas;
. noção de quantidade: 3 - 2 - 4 - 5 - 1 - nada – 1º - 2º - último - inteiro - metade;
. sistema monetário: participar de compras - vocabulário: "comprar" - "vender" - "caro" - "barato" –
"troco";
. conhecer e participar de festas comemorativas organizadas pela comunidade: Dia das Mães - Dia
dos Pais - Natal - Páscoa – Festa Junina, etc.;
. conhecer através de experiências concretas o mundo das ciências: animais, plantas, tempo,
eletricidade, água, terra, ar, transportes, etc.;
. conscientização do abstrato: Exemplo: tristeza - "Que Tristeza! O brinquedo quebrou!" - calor e
frio - experimentando as sensações de calor e frio - alegria - "Que alegria! Papai chegou!";
- comportamento pessoal-social:
. comer e beber:
* saber sentar-se e comportar-se à mesa - mastigar de boca fechada;
* beber em xícaras, canecas, copos - usar canudinhos;
* saber espetar alimentos cortados em pedaços;
* descascar frutas sem faca: banana, tangerina, etc.;
* saber adoçar líquidos;
. repousar:
* atividades calmas: ouvir estórias e músicas;
* permanecer quieta na "hora do repouso" - ser responsável pela arrumação da esteira;
. higiene:
* vestir-se sozinha - manejar botões - colchetes - pressões - fivelas - fechos;

* utilizar o banheiro, tomar banho, lavar as mãos, escovar os dentes sem ajuda;
. saúde e segurança:
* respeitar regras de segurança em casa e na rua;
* andar com os braços fletidos à frente do corpo em lugares pouco familiares;
. tarefas simples:
* ensinar-lhe tarefas domésticas simples - varrer e lavar o chão, à princípio descalça - limpar o pé –
jogar o lixo na cesta;
* participar na arrumação das camas;
* ajudar no preparo de alimentos simples - mingaus - balas - biscoitos;
* ajudar a cuidar de animais e plantas - utilizar material de jardinagem;
* participar de compras em supermercados, feiras, lojas, etc.;



REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS:


COELHO, Benedicto - DIEGUEZ, Euterpe G. Gil - GROSSO, Lia Dalva Jacy:
"Roteiro de Atividades de Jardim de Infância e Classes Preliminares".
Apostila.

DURAN, Loyd M. - Crianças Excepcionais, seus Problemas, sua Educação, ao
Livro Técnico S.A.

FAYA, Eleonor E. - El Enferno com Deficient Visual. Editorial Científico –
Médica.

FRAZÃO, Marialva Feijó e VENTURINE, Jurema Lucy - "Orientação e
Mobilidade". Apostila.

MACHADO, Maria Thereza de Carvalho - "Atendimento Precoce ao
Excepcional". Apostila.

PIAGET, Jean - Seis Estudos de Psicologia. Editora Forense Universitária.

SANDSTROM, C. I. - A Psicologia da Infância e da Adolescência. Zahar
Editores.

SANTOS, Maira Andrade Seignaur - "AVD". Apostila.

TELFORD, Charles B. e SAN - Rey, James M. - O Indivíduo Excepcional.
Zahar Editores.




ERRATA:

- Na introdução – 2ª folha - onde se lê: "O Trabalho desenvolvido do CAP" - leia-se "O Trabalho
desenvolvido no CAP".

- 1 Mês - Estágios de Desenvolvimento Normal - item C - Comportamento de Linguagem - onde se
lê: "reage a sons - para seus movimentos" leia-se: "pára seus movimentos".

- 5 Meses - Estágios de Desenvolvimento Normal - item C - leia-se Comportamento de Linguagem.

- 12 Meses - Atividades Sugeridas – 4º item - leia-se: "estimula-la a aprender em volta dos móveis,
nomeando-os e incentivando-a na exploração dos mesmos".

- 2 Anos - Estágios de Desenvolvimento Normal - A – Comportamento Motor - onde se lê: "desenho
do esquema corporal" - leia-se: "desenvolvimento do esquema corporal".
 

 
  ler novamente    
 

Voltar ao menu

 
 
ler novamente